quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

USO DA VÍRGULA

Atendendo ao pedido de Angela Marcodes de Souza, apresento, resumidamente,   os casos em que a vírgula é usada:


1. Para isolar o aposto e o vocativo:
Nós, escoteiros, acampamos no Parque do Mindu.
Permaneçam, escoteiros, sempre alerta para servir o melhor possível.

2. Para separar termos de mesma função sintática:
Cordas, machadinho, cantil e facão fazem parte de nosso material.
Gilberto, Eduardo, Gustavo, Ricardo, Fernando e Francisco são irmãos.
       
3. Para separar o adjunto adverbial deslocado:
No sábado, houve um encontro de todas as patrulhas.
Os pioneiros foram, no mês passado, acampar com a turma toda.

4. Quando houver a supressão intencional do verbo:
       Nós acamparemos aqui nesse campo; vocês, naquele.

5. Para separar conjunções conclusivas ou adversativas deslocadas:
O campo estava molhado; não estava, contudo, impraticável para o jogo.
Todos foram acampar; eu, porém, precisei ficar na sede.

6. Para separar palavras ou expressões retificativas ou explicativas:
 Todos os elementos, isto é, os que estavam presentes, concordaram.
  Os escoteiros, ou melhor, os noviços do grupo, ficaram de fora.

7. Para separar orações coordenadas:
Penso, logo existo.
Viajamos sozinhos, acampamos com os observadores, colhemos muitos objetos para o trabalho e voltamos novamente sozinhos.
Gilberto saiu cedo, e seu irmão seguiu mais tarde.

Mas atenção: Não devem ser separadas por vírgula as orações coordenadas
               iniciadas por e que possuam o mesmo sujeito.
                      Gilberto saiu mais cedo e ficou cuidando dos novatos.

8. Para separar orações adverbiais antes da principal:
       Quando a chefia chegou, encontrou a sede completamente limpa.
       Conforme o que explicou o monitor, a barraca foi muito bem armada.

Atenção: Se a oração adverbial estiver depois da principal, a vírgula torna-se opcional, exceto nas comparativas, conformativas e proporcionais.

9. Para separar orações intercaladas:
O presidente recomendou, e o caso exigia, todos os cuidados possíveis. 
Dizem-nos que, quando somos jovens, somos impulsivos.

10.  Para separar orações adjetivas explicativas:
O leão, que é um animal, pode ser encontrado nas selvas.
O dia de ontem, que passou, jamais voltará.

11. Para separar objeto pleonástico:
       Os livros, trouxe-os todos
       Os bombons, não os vimos.

12. Nas datas:
Porto Alegre, 7 de janeiro de 1950. 


  • A propósito, muito interessante e criativa a campanha publicitária da Associação Brasileira de Imprensa em que o uso da vírgula foi inteligentemente explorado.  Vejamos como a presença da vírgula altera o sentido das frases:




UMA CURIOSIDADE
Olhe só que situação interessante:

Veja como o uso da vírgula pode MUDAR completamente o entendimento de um texto. Vejamos: Onde você colocaria uma vírgula na frase:

SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.

Examine bem, reflita e veja que interpretação você faz.

Se você é uma mulher, certamente vai optar por colocar a vírgula assim:

SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER, ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.

Porém, se você é um homem, deve querer colocar a vírgula assim:

SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM,
A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.

Uma questão de conveniência – e a vírgula é a responsável.

sábado, 1 de janeiro de 2011

"ESQUECERAM DE MIM" versão FAMÍLIA FURASTÉ

     A gente, volta e meia, escuta ou lê histórias que achamos impossíveis ou que são frutos de uma fértil imaginação... Algumas dessas histórias, pelo seu inusitado, acabaram virando, inclusive, filmes de sucesso internacional... Uma dessas histórias, todos devem conhecer, é a do filme “Esqueceram de Mim” que mereceu, inclusive, continuidade nas telas.
 
Pois bem. Aquela era mais uma ocasião festiva em casa; todos estavam se arrumando, ajeitando suas coisas, preparando o material, escolhendo brinquedos que seriam levados – afinal, a família estava se preparando para mais um final de semana na casa de veraneio na praia de Cidreira, a mais antiga praia do Litoral Norte e uma das mais próximas da Capital, onde se encontram uma das maiores reservas de dunas da América Latina, belos balneários de areias fofas e muito esporte.
 








Nessa época, o carro da família já era uma kombi – que já se mostrara pequena para levar toda a família mais suas bagagens.
Por essa razão, aliás, fui obrigado a anexar a ela um reboque... e, acreditem, mesmo assim, faltava lugar para tanta coisa. Era preciso uma seleção criteriosa para que apenas o necessário fosse levado.... Isso que muita coisa ficava na casa de praia - nem chegava a voltar para a capital.

Cada filho se mostrava mais entusiasmado para o passeio que já virara uma rotina; o calor de Porto Alegre, aos finais de semana, parecia ser sempre mais forte, o que nos motivava ainda mais a ir para nosso refúgio à beira mar. Como sempre, cada um era responsável pelas suas coisas. Cada filho arrumava sua bagagem, que era limitada a um saco de viagem para cada um, que não era pequeno, algo em torno de 100 litros, e incluía roupas e brinquedos. Se alguém esquecesse alguma coisa, era problema seu. Essa era a norma... Poderia acontecer (e acontecia) de, em alguma ocasião, algum filho esquecer algo – não havia saída... passaria o final de semana sem o material que esquecera em casa. Isso sempre foi assim – claro que dávamos uma assistência para que não fosse esquecido o essencial, mas, mesmo assim, a responsabilidade era de cada um.
É bom lembrar que eram nove filhos... Imagine-se a quantidade de bagagem. Acrescente-se a essa bagagem toda, mais a dos pais e o rancho que se levava, uma vez que na Cidreira, nessa época, não havia muitas opções. Roupas e alimentação para esse “bando” todo não era pouca... (vou falar sobre isso noutra ocasião).

Mas, naquele dia algo inusitado aconteceria...
Todos estavam prontos, todos ajudando a carregar o carro e o reboque, cada um já se acomodando nos bancos da kombi – havia lugares selecionados com antecedência para não dar brigas na hora de viajar. Uma última olhada nas portas e janelas do apartamento me fizeram subir os dois andares de nosso prédio. Um “pente fino” sempre era feito para ver se tudo estava em ordem – torneiras fechadas, portas e janelas trancadas, lixo recolhido, chaves e mais chaves, cadeados... a porta principal, os portões de ferro... O mesmo ritual de sempre...
Sempre fora assim. A família já dentro do carro, esperando, e a revisão final sendo feita... Porém, nesse dia, enquanto eu fazia essa inspeção, com todos os filhos já sentados em seus devidos lugares no carro, algumas crianças, vizinhas de prédio, estavam brincando pela calçada, jogavam bola na calçada... Ora, como se sabe, criança é criança e, é claro, não resiste a um convite de um amigo para uma gostosa brincadeira... Então...
Depois de fiscalizar tudo, voltei para o carro, examinei o reboque, tudo bem amarrado, tudo bem organizado, tudo em perfeita ordem... No carro portas fechadas, trancadas, todos acomodados, dei a partida no motor e... sob risos e gritos de alegria de todos... partimos... Cidreira aqui vamos nós!!!
Ocorre que, antes de tomar a estrada definitivamente, era praxe passar pela casa de minha sogra para que as crianças se despedissem... Pouco antes de chegarmos à casa da avó, algo pareceu não estar exatamente como devia... parecia estar faltando alguma coisa... Aquele sentimento de vazio que se sente às vezes, e não se sabe explicar... meu sexto-sentido outra vez... Ao parar, ainda sentindo aquela sensação estranha, os filhos descendo... eis a surpresa... e que surpresa !!!!!! Faltava um filho !!!
Isso mesmo... faltava um dos filhos... Havíamos deixado um filho para trás... Pergunta daqui, pergunta dali... surgiu a resposta... Inocente... O Fernando havia descido do carro para brincar na calçada com os amiguinhos! Um irmão esperou que o outro o chamasse, mas ninguém chamou... Surpresa-susto-preocupação... Mas...
Quando Fernando percebeu que estávamos partindo, chamou, gritou, mas, com o burburinho dentro do carro, não foi possível escutarmos. Passada a sensação inicial - foi imediatamente solicitar ajuda na casa de um dos amiguinhos com quem brincava, o Rodrigo, e, sabendo de nossa habitual passagem pela casa da vovó, pediu que ligassem para lá. Sempre nos preocupamos em fazê-los saber - de cor - os telefones de nossa casa e da casa da avó, para uma eventual emergência - e essa era uma delas...
A ligação foi feita e coincidiu de estarmos ainda na calçada do prédio da casa da vovó. Em desabalada carreira sai de dentro de casa a Mana (apelido carinhoso da vovó emprestada) dando-nos a notícia daquilo que acabáramos de perceber. Havíamos esquecido um filho... Foi aí, então, que falei com ele, acalmei e orientei que nos aguardasse, na calçada, brincando com os amigos, até que voltássemos para buscá-lo.
É bom que se esclareça que Fernando contava, nessa época, perto de sete anos de idade. E também é bom que se registre, mais uma vez, o agradecimento aos vizinhos, Antônio e Zilá, que prontamente nos ajudaram nessa aventura em que a vida imitou a arte.
Esse foi o nosso "Esqueceram de Mim", versão Família Furasté...

Fernando - atualmente - em passeio pelo Rio de Janeiro

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

UMA EXPERIÊNCIA APAVORANTE


Coincidiu, naquela tarde, que a aula de natação das crianças seria pouco antes de minha musculação semanal. Resolvemos, então, ir mais cedo, levar as crianças, assistir à sua aula e, depois aproveitar o clube.
Porém alguma coisa aconteceria e me deixaria marcado por muito tempo. Ainda hoje, quando lembro, fico impressionado.E o personagem, dessa vez, foi o Gustavo:

Gustavo - personagem...
           Minha paixão e eu sentamos no canto oposto da piscina. Piscina térmica, coberta, muitos ruídos, gritaria das crianças, burburinho total...

As professoras, duas, com quase uma dúzia de crianças. Tudo muito bem organizadinho, tudo bem planejado, mas com muitas crianças para tão poucas professoras. Por mais que quisessem, por mais que tentassem, era impossível manter todas sob seus olhares. Mesmo assim, a aula transcorria normalmente. As crianças eram mantidas, algumas sentadas à beira da piscina, outras já dentro d’água apoiando-se no beiral, e duas delas conduzidas pelas professoras para aprenderem a usar braços e pernas. Alegria e concentração totais.
Eu estava devidamente fardado: bermuda e camiseta para a musculação, e, por cima, o tradicional abrigo – calça comprida e agasalho. Nos bolsos, carteira com dinheiro, documentos, lenço; no pulso, um relógio (que não era a prova d’água), e estava usando meus tradicionais óculos de grau. Despreocupado, relaxando, conversando com minha paixão, estava sentado no terceiro degrau das arquibancadas que circulavam a piscina. Observávamos, com orgulho, os três filhos aprendendo a nadar. Era chegada a sua hora de entrarem n’água... estavam, os três, segurando-se na beirada, brincando de afundar e subir, afundar e subir... mas sempre agarrados na beirada da piscina. Eles sempre adoraram água, estavam familiarizados com água, sempre tivemos piscina em casa (daquelas plásticas com 1000 ou 2000 litros... afinal morávamos em apartamento e o terraço não era muito grande...) e tínhamos casa de veraneio em praia de mar...
Naquele dia, porém, algo não iria dar tão certo como sempre dera... Nesse afundar e subir, o filho número 3, o menor dos que estavam ali, numa dessas afundou e suas mãos escaparam da beirada...
As mãos escaparam da beirada e ele começou a se debater com a intenção de se aproximar da beira... mas... quanto mais se debatia, mais se afastava da beirada... os irmãos, absolutamente dentro do espírito de brincadeira, não viram o que acontecia; as professoras, absortas com as crianças que conduziam, não perceberam... mas nós dois – os pais – percebemos, vimos e gritamos...
Nossos gritos não adiantaram.,..
Os ecos dentro daquele recinto não permitiam que fôssemos ouvidos, muito menos entendidos... O desespero começou a tomar conta de nós... Imaginem, ver seu filho debatendo-se numa piscina, debatendo-se cada vez mais alucinadamente e sem ninguém perceber... Sem pensar mais uma vez, saí correndo... corri em direção de onde eles estavam... outras pessoas perceberam... foram também naquela direção, gritando, o que, em vez de ajudar, atrapalhava a compreensão por parte das professoras do que estava acontecendo...
Como eu estava no canto diametralmente oposto, dei metade da volta e, sem pensar, pulei direto n’água, mergulhando em direção do filho que se debatia... Pulei como estava, não lembrei da roupa, dos óculos, dos documentos, do relógio, de nada... só pensava no filho...
Ao vê-lo... Vi aquela cena que passou a ser o meu pesadelo durante meses... seu rosto, suas feições, seu desespero, seus olhos abertos, a expressão do horror...
Quando saí, já saí com ele nas mãos... coloquei-o deitado na beirada da piscina e o fiz colocar para fora a água já ingerida... tossiu, vomitou... o alívio foi geral...especialmente para mim...
Nesse ínterim, juntaram curiosos, vieram as professoras... eu o peguei novamente e recoloquei n’água, comigo, e fui brincar com ele, mostrando que era bom ficar na água, que não havia motivo para se assustar e que ele poderia continuar sua aula, seu exercício... As professoras não queriam que ele ficasse, algumas pessoas me chamaram de doido, de pai desnaturado e outras coisas... mas, graças a essa minha atitude, meu filho, não ficou traumatizado e sempre foi muito “amigo” da água...
Depois de eu insistir, as professoras continuaram sua aula... e eu... bem... eu fui dar um jeito nas minhas coisas... afinal... mergulhara de roupa e tudo... perdi o relógio... mas o restante foi recuperado, inclusive os óculos...
Findo o horário da aula de natação... não pude ir para minha musculação porque não tinha roupa seca... o remédio foi ir para casa, dirigindo enrolado apenas numa toalha...
Ao chegar em casa, a reação veio com força... minhas pernas tremiam... minhas mãos tremiam... eu tremia todo... Depois de um banho tentei dormir, mas, cada vez que fechava os olhos, via o rostinho de meu filho – assustado, angustiado, apavorado... Essa visão me acompanhou durante meses...
Uma experiência, entre muitas que passaria com os filhos...
Experiências que me deram, cada uma, a certeza da presença de Deus em nossas vidas...
Gustavo - atualmente - curtindo uma piscina...


sábado, 18 de dezembro de 2010

A MÃO DE DEUS

            Aquela noite foi realmente significativa.
Sou uma pessoa de seguir o chamado “primeiro impulso” – aquela vontade, aquela orientação inexplicável que vem de dentro de você, e você não sabe explicar de onde ela vem. Aprendi, com a vida, a seguir sempre esse impulso, mesmo sem entender como, nem por quê. Até hoje...
            Meus filhos ainda eram pequenos... uma fileira linda...quando aconteceu um fato que marcou significativamente minha crença nesse impulso interior.

Filhos sentados no vaivém lá em Belém Novo
BELÉM NOVO
            O bairro de Belém Novo, para quem não conhece, é um bairro afastado do centro de Porto Alegre, às margens do Rio Guaíba. Muito verde, pouca gente, um cenário deslumbrante, local privilegiado que acabou se tornando refúgio para quem prefere tranqüilidade e segurança, apesar da distância em relação ao centro da cidade (cerca de 40 km).
            Em Belém Novo existem diversas sedes campestres de várias entidades, públicas e privadas, que são utilizadas especialmente aos finais de semana. E foi numa dessas sedes que fomos à comemoração do aniversário de uma sobrinha. Lá estávamos todos, festejando, brincando, nos divertindo... Festa animada – churrasco, claro... muitos doces, bolo, tortas, brincadeiras, cantorias, balóes, algazarra, muitas crianças, enfim, tudo o que um aniversário de criança tem direito... Para os adultos, comidas e bebidas, tudo à vontade... Saliento que bebida, para mim, não representa problema já que eu não bebo!
            Já era madrugada, devia ser entre duas e três horas, quando decidimos ir embora, apesar de haver apartamentos à disposição para passarmos a noite lá mesmo. Não ficamos porque, para ajeitar nove crianças mais dois adultos, não é tarefa muito fácil...
Nessa época, o carro que eu possuía era uma Caravan. A Caravan era um modelo Station Wagon, perua de porte grande, derivada do Chevrolet Opala.

Para que pudesse levar todas as crianças, à noite, baixava o banco traseiro, forrava com colchonetes, cobertores e elas vinham dormindo ali mesmo. Eu nunca abusei da velocidade, sempre dirigi com o maior cuidado e, ainda não se falava em cintos de segurança nos veículos. Aquele era um excelente carro em sua época, grande, espaçoso e que permitia que eu levasse a turminha e mais a bagagem necessária... Claro que, conforme eles foram crescendo, ela ficou pequena, e isso me obrigou a trocá-la por uma Kombi.

Resolvemos ir embora. Despedidas de praxe... crianças  acomodadas... bagagem ajeitada... tudo certinho...
Mas algo estava me incomodando... Aquela sensação estranha de que algo não estava certo... Parecia que algo havia sido esquecido... Antes de sair, retornei e fiz uma checagem geral... tudo estava certinho... mas continuava preocupado...
Começamos, então, nosso retorno, e aquela sensação estranha incomodando...
Naquela hora, não havia qualquer tipo de movimento nas ruas; o carro permitia o desenvolvimento de uma velocidade razoável, mas eu não andava acima dos 90km, especialmente quando as crianças estavam a bordo.
Na saída do bairro, toma-se logo a estrada que leva ao centro da cidade. Uma pista bem cuidada, de mão dupla, com acostamento e, à direita da pista um valão por onde passa um pequeno córrego. Há, ali, uma curva acentuada à esquerda com o valão à direita. Quem entra nessa curva com uma velocidade muito alta, corre o risco de perder-se e cair no valão.
Lá íamos nós, Marilia e eu, comentando sobre a festa, e as crianças, já dormindo... e eu sentindo aquele mal-estar, aquela sensação de que algo estava errado.
Não tenho o hábito de parar à beira da estrada, especialmente à noite, mas, naquela noite, por estar sentindo aquela sensação estranha que aumentara depois que saímos da festa, não sei por que, resolvi parar. Entrei no acostamento e parei. Até hoje nao sei dizer por que resolvi parar. Não acontecera nada, não ouvimos qualquer barulho ou ruído no carro, nada de estranho. Somente me deu vontade de parar e eu parei. Desci do carro. Abri a tampa do porta-malas, olhei as crianças, examinei tudo. Examinei o carro, pneus, e ... nada... Nada de errado. Resolvi, então prosseguir.
Entro no carro. Dou a partida e começo a andar.
Pois foi aí que aconteceu... Não havia andado cinco metros quando aconteceu...

           Para quem não sabe, o sistema de suspensão do Opala, e da Caravan, era apoiado numa “balança”, onde se situa o amortecedor, o sistema de molejamento e as rodas...
        
           Pois, eu havia andado uns cinco metros quando ouvimos um estrondo... o carro sacode e mergulha na terra... arrastando-se ao chão... Havia quebrado a balança da suspensão do carro, e a roda soltou-se... o eixo arrastou pelo chão...
          Se eu tivesse continuado a viagem... se eu não tivesse parado, certamente faria aquela curva a uma velocidade entre 60/80km. Com o peso do carro, com a força centrífuga sobre a roda, com certeza a balança teria rompido, o eixo rasparia pelo chão, eu perderia o controle do carro e, fatalmente teria caído no valão ou capotado...  um acidente, sem dúvida, que teria resultados trágicos...
           Por que eu parei? Que força foi aquela que me fez parar?  Que mistério é esse? Meu impulso foi maior que eu... Um impulso a que procuro obedecer sempre...
          Sei que é uma questão de fé, de foro pessoal, mas para mim, essa foi, mais uma vez, a presença da mão de Deus sobre mim e minha família.




quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

RESPOSTAS:

1 - Respondendo a Josiney Morais (Ariquemes/RO):

OBJETO  DIRETO   E  OBJETO  INDIRETO  PLEONÁSTICOS

Meu caro, são chamados de OBJETOS PLEONÁSTICOS, tanto o objeto direto como o objeto indireto, quando colocados no começo de uma oração - por uma questão de ênfase - e, depois, repetidos através de um pronome oblíquo.

Objeto direto:
Aqueles alunos, já os conheço bem.
Meu tio, não o vejo há muitos anos.
A resposta, deu-a na hora certa.

Objeto Indireto:
Aos escoteiros, ofereço-lhes minha saudação pelo aniversário.
Aos escravos, davam-lhes castigos desumanos.
Aos seus algozes, Cristo perdoou-lhes.


2 - Respondendo a Marinalva Oliveira de Souza (Boa Vista/RR)

METAFONIA

            Alguns substantivos, quando colocados no plural, sofrem uma alteração no timbre da vogal tônica. Possuem, no singular, timbre fechado    ( ô ) passando, no plural, para timbre aberto ( ó ).

Esse fato recebe o nome de Metafonia.

Vejamos alguns casos:

abrolho – abrolhos            
caroço – caroços     
corno - cornos
corpo – corpos                  
corvo – corvos             
despojo - despojos
desporto – desportos   
esforço – esforços    
fogo – fogos
forno – fornos                   
imposto – impostos 
jogo – jogos
miolo – miolos                   
morno – mornos         
olho – olhos
osso – ossos                       
ovo – ovos                   
poço – poços
porto – portos                    
posto – postos             
reforço – reforços
socorro – socorros       
tijolo - tijolos

sábado, 4 de dezembro de 2010

AMOR À PRIMEIRA VISTA

O ano era 1970. Vivíamos uma outra realidade – política, social, cultural, estudantil – bem diferente de hoje. O Brasil era diferente. Tudo era diferente.



 Depois de ter feito um vestibular concorrido – sim, naquela época, o vestibular para universidades particulares era tão concorrido quanto para as públicas – estava, finalmente, na Universidade. Eu fizera vestibular em duas universidades, uma particular e outra pública. Passei nas duas, muito bem por sinal, e como recebi uma bolsa de estudos, optei por estudar na universidade particular.
            O deslumbramento era total, e isso por vários motivos. Vinha eu de uma família de recursos bastante reduzidos e não tivera oportunidade de fazer estudos preparatórios em cursinhos; eu estudara, nas horas de folga (folga?), sozinho, nas salas de estudo da Biblioteca Pública de Porto Alegre.
Biblioteca Pública / Porto Alegre
 Essa vitória fora resultado de um esforço enorme que sempre me exigiu muita organização. Eu trabalhava. Era funcionário público estadual, desde os 16 anos de idade. Ou seja: estudava pela manhã, trabalhava pela tarde. Não bastasse isso, eu já lecionava – dava aulas à noite num curso de alfabetização de adultos, na mesma escola onde eu estudava.
Praça da Matriz

Além disso, eu tinha meu grupo de amigos, “matrizeiros” como éramos chamados os jovens que se encontravam, aos finais de semana principalmente, na Praça da Matriz, para organizarem as ‘festinhas’ da época. (Prometo que falarei sobre isso noutra ocasião).
Pois bem, estou numa sala de aula do Curso de Letras, na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. São 147 alunos em sala, a totalidade era quase só de mulheres – que maravilha para um jovem de 20 anos! Uma menina mais linda que a outra; uma mais simpática que a outra; colegas de todos os tipos e para todos os gostos. Porém, é bom lembrar que as coisas eram muito diferentes naquela época!!! Não havia essa liberdade total que vemos hoje; havia mais respeito, mais cortesia, mais romantismo. Os jovens eram bem mais educados e polidos; as meninas bem mais pudicas e recatadas. Havia amizade entre rapazes e moças, havia o flerte, a paquera, o namoro, o noivado e o compromisso final, o casamento – tudo muito bem definido, tudo muito bem marcado e, principalmente, respeitado. Não se quebravam regras, nem se queimavam etapas.
PUC/RS - Portal na Av. Ipiranga

O curso transcorria dentro daquela tranquilidade esperada, muitas aulas, muito estudo, muitos trabalhos, grupos, palestras, seminários e, é claro, confraternizações. Havia também o lado político. Diretório acadêmico. Diretório Central de Estudantes. Projeto Rondon. Naquela época havia muitas restrições, censuras, perseguições, enfim, uma época negra para alguns... (Podemos falar disso noutra ocasião também...).


Naquela quarta-feira nossa turma receberia mais um grupo de alunos, que fizeram a matricula depois do prazo, por conta de estágios regimentares das escolas de onde provinham, a maioria de escolas normais - assim eram chamados os cursos de magistério.
A aula já estava em andamento, trabalho em grupo numa aula de Sociologia. O professor, um homem magro, alto, cabelos alisados para trás, loiro, sempre de terno e gravata, eficiente e metódico – era famoso por causa da metodologia que utilizava, com fichas-esquemas para serem desenvolvidas pelos alunos a partir de suas explicações.
Num certo momento,o diretor do curso de Letras, o saudoso Irmão Mainar Longhi, interrompe a aula para o ingresso dos novos alunos. Entram, um a um – ou melhor dizendo – uma a uma... eram mais meninas para a turma... Entravam, encabuladas, devagar, à procura de um grupo para se integrarem. Até que... de repente... de repente...
De repente aparece na porta, uma menina simplesmente linda... bati os olhos nela e fiquei fascinado... Uma menina linda... linda... moreninha, cabelos longos...muito longos, abaixo da cintura, lisos, presos por uma fita branca que realçava ainda mais aqueles cabelos... Seus olhos brilhavam, seu sorriso alastrava simpatia, seu rosto delicado, meigo, angelical, seu andar firme com passos pequenos mas seguros, seus braços envolvendo um arquivo-pasta com um amontoado de papéis, suas mãos delicadas...
Simplesmente linda... linda... linda...

Comentei com uma colega: “Aí está uma menina que me agrada, o tipo de menina por quem me interessaria...” – levei um safanão da colega que disse: Pára de ser maluco, seu bobo, não te animes tanto, ela é noiva... eu a conheço...” Pois bem, retruquei.. ela é noiva, mas não deixa de ser o tipo de menina que me agrada, oras...
Aquele anjo que estava entrando na sala, um pouco insegura ainda, abriu-se num sorriso maravilhoso e veio em direção de meu grupo... meu coração bateu forte, descompassadamente... ela veio... até chegar e abraçar-se a essa colega para quem eu fizera o comentário... as duas já se conheciam, tinham sido colegas na escola.
Desse dia em diante, minha vida mudaria completamente.
Passeata dos bixos 1971 - na Praça da Matriz

No final desse mesmo ano, estávamos namorando (naquela época namorava-se); dois anos depois, noivamos (noivar também era normal!)...
Pombinhos namorando... na casa da sogra...

Mais dois anos - formatura...

Formatura (1973) - sempre juntos...

Depois de formados, fomos trabalhar na mesma escola e, no mesmo ano, casamos... Estamos juntos desde então... 40 anos... e nove filhos (lindos e maravilhosos) !!!