sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Num dia como outro qualquer, estava eu levando meus filhos para a escola. Para quem ainda não sabe, digo que tenho nove filhos (isso mesmo, nove!)
Foto da época do acontecimento da Kombi

E antes que alguém me venha com as mesmas perguntas de sempre, já adianto: sim, todos são naturais, são tidos com a mesma mulher, não há gêmeos e os tenho por opção – minha e de minha mulher, e já havia televisão, sim.
Nessa época, o carro que eu tinha, como não podia deixar de ser, era uma Kombi.

                                        Kombi personalizada... que tal?

Para transportar a turma toda só podia ser uma Kombi. O banco intermediário da Kombi eu virei, colocando-o de costas para o motorista de tal forma que ficavam os dois bancos traseiros de frente um para o outro, o que deixava um espaço bem razoável entre eles.
Em Porto Alegre, o serviço de Transporte Escolar sempre funcionou bem, com uma fiscalização sempre rigorosa quanto à segurança, estado geral dos veículos, licenciamento etc. mesmo antes da existência da Empresa Porto Alegrense de Transporte e Circulação (EPTC) – cujos agentes são carinhosamente chamados de “azuizinhos”.
Pois estava eu indo para a escola, levando comigo uma turminha barulhenta e entusiasmada. Ao chegar, pela parte dos fundos da escola, por onde a maioria dos pais deixava seus filhos, uma fila maior que a de costume se formava. Pacientemente entrei na fila e, depois de vários minutos, pude perceber que havia uma patrulha de fiscalização examinando os veículos que faziam o transporte dos escolares. Um a um, os veículos que faziam o Transporte Escolar eram checados, eles tinham vistoriados os seus documentos, os seus equipamentos, enfim, tudo o que deveria ser visto. Os pais, com seus carros, eram imediatamente liberados, ficando retidos apenas os Escolares – Kombis e Micro-ônibus.
blitz 300x225 Blitz fiscaliza veículos e orienta motoristas no interior

Surpresa!! Eu fui mandado encostar, juntamente com as demais Kombis Escolares. E não adiantou eu tentar argumentar que não estava transportando estudantes, mas sim meus filhos.
Não me deram ouvidos. “Encoste!” – foi a ordem, seca, objetiva. Sem opção, encostei. desci, fiz as crianças descerem e se dirigirem às suas salas de aula.

O fiscal, carrancudo, com cara de poucos amigos, começou a desenrolar um sermão. Sermão com tudo a que tinha direito... irresponsabilidade, falta de consciência, abuso, transgressão das leis de trânsito que proíbem que carros com placas particulares explorem o serviço, que eu estava errado... e por aí a fora. Eu tentava argumentar, e quanto mais eu tentava falar, mais o fiscal se irritava. Quanto mais eu tentava explicar, mais ele esbravejava e ameaçava multar e recolher o veículo... até que, enfim, quem se irritou fui eu... claro.
Paciência tem limites...oras... Foi pior. Ele saiu e foi chamar seu superior, para que fosse providenciado o guincho a fim de recolher o veículo enquanto eu ia ser multado.
Imaginem a situação, inusitada, surreal – um pai levando seus filhos para a escola sendo multado como se estivesse explorando transporte escolar irregular!
Transporte escolar??? Eu ??? Só porque tenho nove filhos??!!
E foi essa mesma a acusação – transporte escolar irregular!!!!!
Foi aí que perdi a paciência de vez... comecei eu a falar mais alto... (acho que falar alto não é bem o termo, mas... )

No portão da escola, sempre houve um funcionário que cuidava da entrada das pessoas, pais e alunos, evitando, assim, que estranhos tivessem acesso à escola. Esse funcionário assistindo a tudo, veio em meu socorro. Afinal, eu já era conhecido por causa do número de filhos – com sete filhos estudando na mesma escola e com mais dois a caminho, só poderia ser conhecido mesmo... Pois foi esse funcionário que me ajudou a esclarecer a situação que, de cômica, já estava longe de ser. Depois de alguns momentos de tensão, fui liberado. Mas tenho certeza de que aqueles fiscais não se convenceram, não acreditaram ...

Pensam que acabou??? Não, não acabou aí... tem mais...
Exatamente um mês depois, outra blitz... E começou tudo outra vez...
Não é que a história se repete!!!!
Como os fiscais não eram os mesmos, precisei passar por tudo outra vez... é filho – não é! é, não é! é, não é...  

É uma situação totalmente fora do comum – um pai ter de provar que as crianças que leva em seu carro são realmente seus filhos, caso contrário tem seu carro recolhido além de pagar multa - por transporte escolar irregular !!!!!!!
Desde esse dia, comecei a andar com as certidões de nascimento no porta-luvas... precaução nunca é demais...
Essa história passou a correr de boca em boca, a ponto de eu chegar em alguns lugares e, depois de me apresentar, as pessoas virem logo dizendo: “Ah! então você é aquele pai que tem uma Kombi e que quase foi multado por carregar seus filhos?”
Coisas da vida... Apenas uma entre tantas outras...

2 comentários:

  1. Desculpa prof, mas eu ri kkkk, que chato isso mas ter 9 filhos não é pra qualquer um. Parabénssssssss bjocas!!
    Nathasha(Adalberto Valle-Am)

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  2. Suas histórias são muito cômicas, desculpe a indelicadeza. Porém, percebo nelas o amor pelos filhos, pela esposa e por nosso Deus. Viver é isso!! Correr riscos sempre e depois rir de tudo. Bjus.

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