terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Artigo muito interessante...

COMO FORMAR UM PROFESSOR
(Ubiratã Ferreira Freitas - Professor Mestre em História)

Todos os dias dizemos a nossos jovens que temos de aprender diferentes conhecimentos, se esforçar para ser alguém na vida, ter capacidade de transformar as coisas, ser ético, ser político, etc. Mas, para isso acontecer, temos de dar o suporte para o jovem, onde o mesmo possa ter em mente que a necessidade de estudar é fundamental. 
            Vejo que os jovens do século 21 perderam o interesse no aprendizado escolar. A desmotivação escolar está formando profissionais fragmentados para o mercado de trabalho, ou melhor, não está formando trabalhadores capacitados, está dando um diploma de conclusão de Ensino Médio, onde o aluno ainda — em muitos casos — não sabe assinar corretamente o seu próprio nome. Mas tudo isso está vinculado a formação e valorização que os profissionais da educação vem tendo nos últimos anos.
É tudo muito bonito no papel, as propostas de mudanças educacionais, os projetos de interdisciplinariedade, as relações multidisciplinares, e outros nomes que são dados como competências e habilidades para formar um aluno, em um cidadão crítico e transformador de sua realidade cotidiana.
As mudanças, acredito eu, devem ocorrer na base de qualquer estrutura de aprendizagem para depois fazer solidificações na totalidade do mecanismo educacional. Quem está ensinando os alunos da base a ler e escrever? Qual a formação desses profissionais nesse setor importantíssimo da educação? Será que um curso de magistério a nível de Ensino Médio, onde temos uma precariedade de aprendizado, tem suporte teórico suficiente para fornecer elementos para ensinar nossas crianças a ler e escrever? Por que não se pode mais reprovar os alunos até terceira série do Ensino Fundamental?
Essas respostas são difíceis de serem respondidas, mas me leva a crer que cada governo está voltado a manter um certo equilíbrio entre o analfabeto funcional e o senso comum, pois garante assim um voto certo lá nas eleições. Quem quer ser professor hoje em dia? Acho que poucos, pois a cada dia se percebe que a valorização entre profissões, a que menos salário recebe é a do educador, assim vai abrindo caminho para profissionais fragmentados, com pouco conhecimento, sem argumentação, com precariedade de vocabulário e formando alunos apáticos e sem perspectiva de que aprendeu alguma coisa.
Nas academias o conhecimento está voltado para quem? Onde ficam as pesquisas, os trabalhos, as ideias de mudança, os mecanismos pedagógicos para o novo aluno do século 21? Acho que nem mesmo os professores dessas instituições sabem pra onde vão tais ideias, ou ficam nas gavetas. Pois a realidade do Ensino Médio na escola pública, é outra bem diferente que as universidades apresentam a seus acadêmicos, mas também acho que muitos professores já perceberam que os alunos que estão entrando nas universidades via vestibular ou principalmente pelo Enem, são fragmentados de conhecimento básico.
Estamos prestes a ter um concurso público para professores no Estado do Rio Grande do Sul, onde cada inscrição custa R$ 121,70 para um professor de nível superior com mestrado para ganhar R$ 791,08, e R$ 53,38 para professor com Ensino Médio, para ganhar R$ 395,54. Isso é qualidade de ensino? Essa é a realidade da desvalorização dos professores atualmente no Brasil. As crianças vão ter professores formados em academias, mas a qualidade do ensino vai melhorar? Acredito que não, pois a desmotivação salarial é um fator determinante na relação professor aluno e aprendizagem.
Como podemos mudar tudo isso? Com a verdadeira mudança de mentalidade ou entraremos em caos social sem volta.

Disponível em: <http://wp.clicrbs.com.br/doleitor/2012/01/09/artigo-como-formar-um-professor/?topo=13,1,1,,,13>  Acesso em 10/01/2012

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