domingo, 27 de fevereiro de 2011

ERA PARA SER SOMENTE MAIS UM PASSEIO

            Aquele era para ser mais um final de semana feliz e alegre. O sábado já fora ótimo, com os filhos “grandes” em suas atividades no Grupo Escoteiro, e os “pequenos” em casa, como sempre, aprontando alguma coisa... Como de costume, o domingo seria dia de passeio coletivo. Já era hábito fazermos, nos domingos, algum programa, algum passeio – praças, parques ou algo parecido... o importante era sair de casa... divertir... a nós e às crianças...
            Os preparativos para um simples passeio pediam um aparato logístico todo especial. Sair com uma turminha daquelas, na maioria das vezes com a mamãe já carregando outro na barriga, realmente não era uma tarefa muito fácil, mas nada impossível. Pelo contrário, não havia nada mais prazeroso., mais agradável.

          Afinal, começamos nossos passeios, inicialmente, antes dos filhos, só o casal, depois com um filho, depois com dois, depois com três, depois com quatro, depois com cinco, depois com seis, depois com sete, depois com oito, depois com nove... ufa...
            A logística era, mais ou menos assim: levar uma muda de roupa para cada um dos filhos já que havia sempre a possibilidade (e isso acontecia!) de um se sujar além da conta, molhar-se, rasgar-se, ou coisas piores (coisas de crianças... hehehe); levar lanche, para cada um, com direito a repetição – mamadeiras (era sempre mais de uma, afinal eles tinham diferença de aproximadamente um ano), sucos (nada de refrigerantes!), muita água, para beber ou lavar as mãos, frutas, sanduíches ou outra delícia (aprontada com muito amor e carinho pela mamãe por horas a fio...), canivete, guardanapos, toalhinhas, sacos plásticos, papel higiênico, protetor solar, chapéus ou bonés, fitas para os cabelos das meninas e, o mais importante, os crachás!
            Sim. Cada filho portava sempre um crachá de identificação onde constava seu nome e um local para onde deveriam ser encaminhados caso fossem encontrados perdidos (é bom lembrar que, nessa época, não havia a praticidade dos celulares de hoje – e não faz tanto tempo assim!). Os crachás eram feitos de acordo com o lugar onde seria o passeio. Esse “sistema” sempre funcionou, e muito bem.  
Mas como nem tudo é perfeito...
Naquele domingo, resolvemos mudar o destino de nosso passeio. O dia estava lindo, o sol não muito forte, a primavera dava um colorido todo especial às praças e parques, e nós não podíamos perder a chance de um passeio gostoso ao ar livre, às margens do Guaíba: Parque Marinha do Brasil.

Vista aérea do Parque Marinha do Brasil
Esse parque, com área total de 11 hectares, possuindo bosques e espaços gramados, onde são encontradas árvores nativas e diversas espécies exóticas, foi inaugurado em 1978. Foi construído sobre a área de aterro da orla do Guaíba. Possui quadras de tênis, quadras polivalentes, campo de futebol, seis de futebol de salão, pistas de atletismo, de patinação e de skate, canchas de futebol de areia, velódromo e aparelhos de ginástica. Possui, ainda, minizoológico, playgrounds e um miniparque de diversões. Há, também, outros atrativos como, o eixo aquático de 10 mil metros quadrados que corta e percorre 700 metros do Parque, além do Recanto Solar, para banhos de sol; o Recanto de Aventuras, para crianças; o Recanto de Musculação, para práticas esportivas; e o Recanto da Saudade, especial para enamorados.

           Como disse, nem tudo é perfeito...

          Por termos mudado o local do passeio assim, em cima da hora, teríamos de fazer os crachás de identificação novamente... Mas...ora... naquele dia não aconteceria nada... Um dia lindo... já estávamos quase no meio da tarde... não queríamos mais perder tempo, e resolvemos ir sem os tais crachás...
           Uma excelente oportunidade para a Lei de Murphy se manifestar - especialmente aquela que diz: "Se houver a mínima chance de algo dar errado, dará errado". E lá fomos nós...'

          Já no parque, caminhadas, corridas, subidas em árvores, curtição total... alegria... sorrisos... o sol, o ar puro, os monumentos, as pessoas - muitas pessoas... Caminhamos de ponta a ponta o parque, mais de uma vez...É impressionante a energia que as crianças adquirem num ambiente assim...

              Tudo corria normalmente, serenamente, pacificamente, alegremente.. até que...
           Depois de muito caminhar, veio a hora de sentar num gramado, à sombra de uma enorme árvore, para curtir algodão doce, pipocas - e o lanche levado de casa, o suco e muita água...
          Nossa, como isso tudo cansa! Cansa mesmo, de doer os pés, a batata da perna... tudo. Mas era um cansaço gostoso, gratificante. Valia a pena ver o brilho nos olhinhos de cada um, a curiosidade, as descobertas, as parcerias e cumplicidades que surgiam após alguma traquinagem... Enfim, uma atividade que dava oportunidade de vivências sadias e que serviam para unir os irmãos e, ainda, nos aliviar das tensões provocadas pela carga de trabalho que tínhamos durante a semana...

          E como nem tudo é perfeito... (sei que já disse isso...rsrsrs)

          Terminado o lanche, é hora de continuar as brincadeiras, a correria, a caminhada... Lá fomos nós, alegres, felizes, contentes... A tarde já estava se aproximando de seu final e preparava-se para dar lugar à noite. O sol lentamente se pintava de vermelho e preparava-se para nos oferecer aquele que é um dos mais lindos pores-do-sol do Brasil... até que...

Pôr -do-sol no Guaíba... Sempre lindo...
    Até que...
           Uma rápida passagem de olhos e a constatação... Algo parecia estar errado... Uma outra olhada, dessa vez com mais atenção e... a constatação: faltava um filho ! Uma sensação horrível, aflição, surpresa, angústia, quase pânico... Chama um, busca outro ...  pergunta daqui, pergunta dali.. e a dúvida cruel: ... onde está a Helena????? - Sumiu !!!!!!! Sim, a minha garotinha de cinco anos estava perdida.


           Numa hora dessas é muito importante manter a calma, jamais permitir que a emoção tome oi lugar da razão. Sem perda de tempo, nos organizamos. Sim, havia um plano B para casos assim... afinal éramos escoteiros e ser escoteiro nos dá algumas vantagens em muitas ocasiões. Formamos uma corrente - distantes um dos outros e fomos fazendo uma varredura na direção que achávamos que ela teria ido... Algumas pessoas que perceberam nossa movimentação nos ajudaram...Até hoje não sei quem eram essas pessoas...
          O pânico começou a surgir quando chegamos no ponto extremo do parque e... nada de achar a Helena... Restava-nos voltar com a verredura na direção oposta, cobrindo, assim toda a extensão do parque. Lá fomos nós... O coração apertando... o nervosismo chegando... a angústia aumentando... especialmente porque o pôr-do-sol já ocorrera, as pessoas já estavam indo embora, cada família se reunindo ruidosamente para voltar a suas casas... e nós, ali.. procurando...procurando...procurando...
           Já havíamos vencido mais de dois terços da extensão quando, lá distante, junto ao monumento em homenagem à Marinha do Brasil, eu a vi...
          Sim, era ela... era ela...
          Nossa... que alívio... Parecia que um peso de mais de uma tonelada havia sido tirado de minhas costas...comuniquei aos outros e corri a seu encontro... Alívio total... Que sensação estranha... era um pesadelo chegando ao final...e que pesadelo!

          Até hoje, fecho os olhos e vejo aquela menininha, ali, sozinha, olhando para os lados, carinha assustada, dedinho na boca... Abracei... beijei... acolhi em meus braços... e só então ela começou a chorar... chorar de alegria, de aqlívio. Todos foram chegando...  mais abraços, mais choros de alegria... 
          Minutos depois, todos estavam novamente no carro, barulho, risos, confusão... como sempre...


Opala - nosso carro na época... apelidado de Frederico...
          Este foi apenas mais um dos tantos sustos por que passamos. Muitos outros viriam ainda, e com a ajuda de Deus, nunca passaram de sustos...

Helena (dir.) escalando o Aconcágua... nem um pouco perdida hehehe




quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

USO DA VÍRGULA

Atendendo ao pedido de Angela Marcodes de Souza, apresento, resumidamente,   os casos em que a vírgula é usada:


1. Para isolar o aposto e o vocativo:
Nós, escoteiros, acampamos no Parque do Mindu.
Permaneçam, escoteiros, sempre alerta para servir o melhor possível.

2. Para separar termos de mesma função sintática:
Cordas, machadinho, cantil e facão fazem parte de nosso material.
Gilberto, Eduardo, Gustavo, Ricardo, Fernando e Francisco são irmãos.
       
3. Para separar o adjunto adverbial deslocado:
No sábado, houve um encontro de todas as patrulhas.
Os pioneiros foram, no mês passado, acampar com a turma toda.

4. Quando houver a supressão intencional do verbo:
       Nós acamparemos aqui nesse campo; vocês, naquele.

5. Para separar conjunções conclusivas ou adversativas deslocadas:
O campo estava molhado; não estava, contudo, impraticável para o jogo.
Todos foram acampar; eu, porém, precisei ficar na sede.

6. Para separar palavras ou expressões retificativas ou explicativas:
 Todos os elementos, isto é, os que estavam presentes, concordaram.
  Os escoteiros, ou melhor, os noviços do grupo, ficaram de fora.

7. Para separar orações coordenadas:
Penso, logo existo.
Viajamos sozinhos, acampamos com os observadores, colhemos muitos objetos para o trabalho e voltamos novamente sozinhos.
Gilberto saiu cedo, e seu irmão seguiu mais tarde.

Mas atenção: Não devem ser separadas por vírgula as orações coordenadas
               iniciadas por e que possuam o mesmo sujeito.
                      Gilberto saiu mais cedo e ficou cuidando dos novatos.

8. Para separar orações adverbiais antes da principal:
       Quando a chefia chegou, encontrou a sede completamente limpa.
       Conforme o que explicou o monitor, a barraca foi muito bem armada.

Atenção: Se a oração adverbial estiver depois da principal, a vírgula torna-se opcional, exceto nas comparativas, conformativas e proporcionais.

9. Para separar orações intercaladas:
O presidente recomendou, e o caso exigia, todos os cuidados possíveis. 
Dizem-nos que, quando somos jovens, somos impulsivos.

10.  Para separar orações adjetivas explicativas:
O leão, que é um animal, pode ser encontrado nas selvas.
O dia de ontem, que passou, jamais voltará.

11. Para separar objeto pleonástico:
       Os livros, trouxe-os todos
       Os bombons, não os vimos.

12. Nas datas:
Porto Alegre, 7 de janeiro de 1950. 


  • A propósito, muito interessante e criativa a campanha publicitária da Associação Brasileira de Imprensa em que o uso da vírgula foi inteligentemente explorado.  Vejamos como a presença da vírgula altera o sentido das frases:




UMA CURIOSIDADE
Olhe só que situação interessante:

Veja como o uso da vírgula pode MUDAR completamente o entendimento de um texto. Vejamos: Onde você colocaria uma vírgula na frase:

SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.

Examine bem, reflita e veja que interpretação você faz.

Se você é uma mulher, certamente vai optar por colocar a vírgula assim:

SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER, ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.

Porém, se você é um homem, deve querer colocar a vírgula assim:

SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM,
A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.

Uma questão de conveniência – e a vírgula é a responsável.