C R A S E
CRASE é um fenômeno em que ocorre a fusão de dois sons vocálicos iguais num
só. O acento que se coloca sobre o a chama-se acento grave e serve para indicar que
ali ocorreu uma fusão de dois sons vocálicos, uma crase. Geralmente é a fusão de um artigo (a) com uma preposição (a),
ou um pronome (aquele, aquela, aquilo).
Por essa razão, só ocorre diante de nomes femininos.
Por essa razão, só ocorre diante de nomes femininos.
CASOS EM QUE NÃO EXISTE CRASE:
1. Diante de nome masculino.
O formando escreveu sua dissertação a lápis.
2. Diante de verbo.
Ela pôs-se rapidamente a escrever tudo que
lembrava.
3. Diante de artigo indefinido.
O médico encaminhou o doente a uma clínica
especializada.
4. Diante de pronomes pessoais,
demonstrativos e indefinidos.
A babá entregou o filho a ela sem
titubear.
Nunca mais voltaremos juntos a esta
cidade.
Não devo explicações a ninguém dessa sala.
5.
Diante
de expressões de tratamento (exceto
Senhora, Senhorita, Madame e Dona).
Enviou circular a Sua Excelência
comunicando o resultado da reunião.
Porém:
Dirigiu-se à Dona Marília com todo o respeito.
Comunicou à Senhorita sua vontade de contratá-la.
Pediu à Madame Sinclair que voltasse
logo.
Sempre se refere à Senhora com muita
saudade.
6. Depois de preposição.
Compareceu perante a diretoria para
solucionar o caso.
7. Com locuções formadas por
palavras repetidas:
Ficaram face a face com o inimigo que tanto temiam.
8. Diante de palavra no plural,
estando o “a” no singular.
Dirigimo-nos a pessoas interessadas no desenvolvimento
do projeto.
9. Diante da expressão Nossa Senhora e nomes de Santas.
Pedirei
a Nossa Senhora que cuide de nós
durante o passeio.
CASOS EM QUE A CRASE É FACULTATIVA
1. Diante de nome próprio feminino.
Mandarei flores à Marília no dia de seu
aniversário.
Mandarei flores a Marília no dia de seu
aniversário.
2. Diante de pronome adjetivo
possessivo feminino singular.
Telefonou à sua namorada para avisar do encontro.
Telefonou a sua namorada para avisar do encontro.
3. Depois de preposição ATÉ.
Voltaremos, certamente, até à tarde de
domingo.
Voltaremos, certamente, até a tarde de
domingo.
CASOS ESPECIAIS DO USO DA CRASE
1.
Quando se subentende a palavra
que provocaria crase, a crase permanece.
Aquela senhora usou um modelo à Clodovil no
casamento.
Referiu-se à produção de leite e não à de
açúcar.
2.
Diante da palavra casa, só haverá crase se estiver
determinada.
Depois das atividades, todos foram à casa
da colega para jantar.
Depois das atividades, todos foram à casa
da esquina para jantar.
Depois das atividades, todos foram à casa
amarela para jantar.
3.
Diante da palavra terra não há crase quando for o oposto
de bordo.
Os
marinheiros desceram a terra para fazer compras.
mas: Nas férias vou à terra de meus avós. -
(nesse caso não está
significando o oposto de bordo)
4.
Diante de numeral, crase apenas quando se referir a horas.
O ônibus com os lobinhos chegará às 8h e o
dos escoteiros, às 9.
5.
Diante da palavra distância, crase somente se indicar
distância exata.
A
barraca foi armada à distância de 50m do rio.
mas:
A barraca foi armada a distância razoável
do rio.
6.
Crase em todas as locuções formadas por palavras
femininas.
Às vezes, às
escuras, realizam-se diversas cerimônias.
À medida que o tempo
passa, ela fica mais elegante.
À noite, todos os
gatos são pardos.
7.
Os demonstrativos àquele, àquela, àquilo são craseados
sempre que puderem ser trocados por a
este, a esta, a isto, respectivamente (o sentido da frase pode alterar,
mas deve-se preservar a sua estrutura).
Dirigiu-se àquele lugar sabendo o que
estava por acontecer.
Sempre se refere àquilo com desdém.
Entregue os documentos àquela secretária
que está na sala ao lado.
ALGUNS
TRUQUES PARA DESCOBRIR
SE EXISTE CRASE:
Para
termos certeza da presença do fenômeno da crase, podemos usar alguns truques que nos dirão se ela ocorre ou
não:
1º TRUQUE
Troca-se
a palavra feminina por outra que seja masculina e que tenha sentido aproximado: se,
depois da troca, surgir ao,
na frente da palavra masculina, com certeza, existe crase na frente da
feminina.
Referiram-se à
excursão com orgulho. (Referiram-se
ao passeio com
orgulho.)
Coloque
esse documento anexo à petição. (Coloque esse documento anexo ao pedido.)
2º TRUQUE
Troca-se
o a por para a,
na, pela, da. Se a troca não alterar o sentido da
frase, certamente existe crase.
Pediu à
chefia autorização para acampar. (Pediu
para a chefia
autorização para acampar).
Eles ficaram esperando junto à barraca. (Eles ficaram esperando junto da barraca.)
3º TRUQUE
Quando
o a estiver na frente de um nome
de lugar, usa-se o seguinte esquema mental: devemos pensar no lugar em
questão e imaginar que estamos indo para lá e, depois, voltando
de lá:
Quando
se pensa:
·
Se vou a ....... e volto da ...... : crase no A. -
ou seja: existe crase.
·
Se vou a ....... e volto de ...... : crase por quê? - ou seja: não
existe crase.
Veja: O seu sonho é viajar à França e a
Portugal.
Façamos o raciocínio:
Vou à França e
volto da França
- então, crase no A.
Vou a Portugal e
volto de Portugal
- então, crase por quê?
A CRASE E O PRONOME RELATIVO
A
rigor, só existe a possibilidade de crase diante dos pronomes relativos a
qual e as
quais.
A pessoa à qual devo meus sinceros
agradecimentos já saiu.
As jovens às quais serão prestadas as
homenagens já estão aqui.
Se houver, porém, uma palavra subentendida diante do relativo e
essa palavra provocaria crase, então, a crase permanecerá:
Refiro-me à menina que saiu e não à
que voltou.
Subentende-se:
Refiro-me à
menina que saiu e não à (menina) que voltou.
Veja-se que, via de regra, se
descobre a presença da crase quando se aplica o primeiro dos truques vistos
acima:
A pessoa à qual devo meus sinceros agradecimentos
já saiu.
O homem ao qual devo meus sinceros agradecimentos já saiu.
As jovens às quais serão prestadas as homenagens já estão aqui.
Os jovens aos quais serão prestadas as homenagens já estão aqui.
Refiro-me à
menina que saiu e não à que voltou.
Refiro-me ao menino que saiu
e não ao que voltou.
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