PALAVRAS AOS FORMANDOS – Colégio Província de São Pedro - 2019
No que se refere a esta
formatura, pode-se afirmar que ela apresenta alguns aspectos positivos e
alegres, assim como outros negativos e tristes. Se, por um lado, alguns se
alegram com o encerramento dessa etapa; por outro lado, há aqueles que se
entristecem por causa das despedidas - da escola, dos professores e dos colegas
de muitos anos.
Pessoal,
vocês perceberam?! A estrutura desse parágrafo introdutório não soou familiar
para vocês? Confessem. Por um instante não lhes pareceu que estavam de volta a uma
daquelas nossas aulas em que treinávamos a estrutura da introdução da
dissertação? E, cá entre nós, essa introdução está perfeita, não? Ela apresentou
claramente o Tema, e a Tese foi bem definida com seus dois Enfoques.
Meus
queridos alunos, em especial meus diletos afilhados, brincadeiras à parte, o
que tenho para lhes dizer é que, a partir deste instante, uma grande
responsabilidade recai sobre os seus ombros - a responsabilidade de subir um
novo degrau, vencer uma nova etapa, viver uma nova realidade.
Sua
responsabilidade, a partir de agora, é demonstrar que estão verdadeiramente
capacitados, que vocês realmente conquistaram o saber, e que não se apropriaram
apenas temporariamente dele; que vocês são donos de um saber adquirido e
solidificado com o tempo, de um saber apreendido enquanto cresciam e
amadureciam. Tenho certeza de que vocês seguiram fielmente o lema que adotamos
em nossas aulas: SAPERE AUDE, que, numa tradução livre significa ouse saber, tenha a ousadia de buscar o
saber. E vocês ousaram...
Queridos
alunos, senhoras e senhores, muitas coisas são ditas sobre o ensino e a
educação em nosso país; muito se comenta sobre a calamitosa situação em que o
Brasil está mergulhado, muito se fala sobre o desânimo e a apatia generalizados
das pessoas, apesar de algumas manifestações aqui e ali.
Em
contrapartida, se nem tudo são flores, felizmente, encontramos pessoas corajosas
e determinadas, que desejam diminuir as desigualdades sociais, que respeitam as
diversidades, que acreditam que a educação é vital para transformar o Brasil em
um país mais justo; encontramos professores e educadores, comprometidos com sua
missão, que dão o seu melhor, o seu sangue, chegando, alguns, até a comprometer
sua própria saúde e sua vida pessoal para que seus alunos possam aprender, não
só o conteúdo das disciplinas, como também sua aplicabilidade e seu alcance
social; que dão lições, não só do conteúdo programático, mas também verdadeiras
lições de vida para que seus alunos cresçam como pessoas, com capacidade de
fazer suas próprias escolhas, com consciência e com responsabilidade. São
professores que seguem os ensinamentos de Maria Motessori, que nos diz que “a educação é um processo integral: ela não
forma somente o intelecto, mas também pessoas. É por isso que ensinar não é
apenas transmitir conhecimentos. É também um ato ético, de respeito e amor.”
Da
mesma forma, apesar da realidade caótica divulgada diariamente, percebemos que
há, também, escolas muito bem cuidadas e equipadas, com professores excelentes,
com ótima logística e infraestrutura, com perfeitas condições para o
desenvolvimento de um belo e produtivo trabalho, e que contam com uma metodologia
de ensino e uma filosofia de trabalho bem definidas, assim como é o nosso Colégio
Província de São Pedro, uma escola motessoriana, cuja base fundamental é “o respeito ao estudante, às suas
necessidades, emoções e expectativas de futuro”.
Meus
queridos, aqui estamos nós, no meio de uma
realidade que precisa, e pode ser modificada. Modificada para melhor. Modificada
por nós e por vocês. Cá estamos nós, nós enquanto instituição de ensino; e aqui
estão vocês, o resultado de nosso trabalho. Cá estamos nós, profissionais que
fizemos, e bem feita, a nossa parte; e aqui estão vocês que também fizeram, e
muito bem, a sua parte - trilharam seu caminho em meio a essas turbulências
todas, venceram obstáculos, galgaram posições, cresceram como pessoas,
aperfeiçoaram-se como seres humanos.
Meus
queridos, percebemos, hoje em dia, por onde andamos, uma grave doença social
- a falta de empatia, a falta de
amorosidade, um medo coletivo de amar. Um escritor alemão chamado Hermann Hesse
disse certa vez: "A trajetória de
nossa vida pode parecer definitivamente marcada por certas situações. Nossa
vida, entretanto, conserva sempre todas as possibilidades de mudança e
conversão que estiverem ao nosso alcance. E tais possibilidades são tanto
maiores, quanto mais abrigarmos em nós de infância, de gratidão e
principalmente de capacidade de amar."
Li,
certa vez, em algum lugar, não lembro onde, que “A sensação que nos causa o medo de amar dura alguns segundos, mas a
sensação de alguns segundos de amor pode durar a vida toda.”
Entretanto,
para amar, é necessário um pré-requisito importante, é preciso que o ser
humano, antes de tudo, aprenda a ter fé, aprenda a crer, aprenda a acreditar – ter
fé, crer, acreditar em si mesmo.
Acreditar que tem capacidade, que tem condições, que pode realizar seus sonhos.
Um educador já nos dizia que “o homem que
detém a crença em si mesmo é capaz de dominar os instrumentos de ação à sua
disposição.” Precisamos, pois, ter
fé, precisamos ter fé em nós mesmos, precisamos aprender que a fé, a crença em
nós pode nos dar o que precisamos. “Quem
sabe faz a hora, não espera acontecer”, diz a canção – e, para fazermos
acontecer, é preciso definir, com clareza, as crenças que governam nossas
vidas.
Meus
queridos, esse tempo de convivência, aqui, na escola, com vocês, foi muito bom;
vivenciei algumas das mais belas demonstrações de amor, de carinho, de
superação. Apesar das contadas - sim, eles contaram - 424 vezes que falei “Zero!”, das inúmeras vezes que falei “pra fora!”, “e eu com isso?”, das milhares de vezes que os chamei de “mocorongos” - posso dizer que levarei no
meu coração cada um de vocês. Como disse Saint Exupèry: "Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós.
Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós." Ao irem embora, vocês
vão levando muito de nós, e, podem acreditar, estão deixando suas marcas nessa
escola que foi, e continuará a ser, de vocês.
Ao
me despedir, quero agradecer, de coração, todo carinho que recebi de vocês,
deixando-lhes a gratidão por ter recebido de vocês verdadeiras, sinceras e valiosas
lições de vida quando conversamos, discutimos, gritamos, brigamos, debatemos, para
depois nos compreendermos, nos aceitarmos, nos abraçarmos, concordarmos, aprendermos,
crescermos. Parodiando Roberto Carlos, eu posso dizer que “se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi” - e,
creiam, ao ver vocês crescerem, se modificarem, amadurecerem, essas emoções não
foram poucas...
Para
finalizar, deixo com vocês uma mensagem de Charles Chaplin: “Lute com determinação, abrace a vida com
paixão, perca com classe e vença com ousadia, porque o mundo pertence a quem se
atreve e a vida é muito curta para ser insignificante.”
MUITO BOM!!!! Parabéns!
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