DESVENDANDO AS COMPETÊNCIAS
EXIGIDAS NA REDAÇÃO DO ENEM
A Redação, no Enem, vale 20% de toda a prova e é a
única parte de todo o concurso que pede para o candidato mostrar sua habilidade
de escrita. O restante das provas – as outras 4 áreas – é resolvido exclusivamente
por questões objetivas de múltipla escolha.
O candidato deverá demonstrar, pelo menos, cinco
competências em sua Redação que, na correção, correspondem a 200 pontos cada
uma. Isso significa que se dissertação não apresentar uma delas, você terá 200
a menos.
Vejamos cada uma das cinco competências que
exigidas:
Competência 1 – Demonstrar
domínio da escrita formal da Língua Portuguesa.
Nesse quesito, os avaliadores irão averiguar como o
candidato distingue as diferenças entre a modalidade oral e a modalidade
escrita da Língua Portuguesa. Como assim? Por essa competência, os corretores
irão ver se o candidato não mistura as duas formas na sua Redação Enem e, além
disso, se sabe empregar a modalidade correta para o Enem.
Na hora em que estiver escrevendo a sua Redação
Enem, procure ser claro, objetivo e direto, além de usar um vocabulário
diferenciado e rico. Fora isso, existem alguns requisitos básicos que precisam
ser seguidos no texto dissertativo-argumentativo:
1 - Ausência de marcas de oralidade e de registro informal (como “aí”,
“opa”, “supimpa”…)
2 - Precisão vocabular (use palavras dicionarizadas, nada de querer
falar bonito e inventar palavras que nem existem)
3 - Obediência às regras gramaticais de:
Concordância nominal e verbal (plural-singular
ou feminino-masculino dos nomes, além dos verbos)
Regência nominal e verbal
Pontuação
Flexão de nomes e verbos
Colocação de pronomes átonos
Grafia das palavras
Acentuação gráfica
Emprego de letras maiúsculas e minúsculas;
Divisão silábica na mudança de linha
(translineação).
Algumas inadequações do uso linguístico que serão penalizadas na
Competência 1 da Redação são:
1 – Desvios mais graves:
–
falta de concordância do verbo com o sujeito (com sujeito antes do verbo);
–
períodos incompletos, truncados, que comprometem a compreensão;
–
graves problemas de pontuação;
– desvios graves
de grafia e de acentuação (letra minúscula iniciando frases e nomes de
pessoas e lugares);
pessoas e lugares);
–
presença de gíria.
2 – Desvios graves:
–
falta de concordância do verbo com o sujeito (com sujeito depois do verbo ou
muito distante dele);
–
falta de concordância do adjetivo com o substantivo;
–
regência nominal e verbal inadequada (ausência ou emprego indevido de
preposição);
–
ausência do acento indicativo da crase ou seu uso inadequado;
–
problemas na estrutura sintática (frases justapostas sem conectivos ou
orações subordinadas sem oração
principal);
–
desvios em palavras de grafia complexa;
–
separação de sujeito, verbo, objeto direto e indireto por vírgula; e
–
marcas da oralidade.
3 – Desvios leves:
– ausência de
concordância em passiva sintética (exemplo: uso de “vende-se casas” em vez de
“vendem-se casas”); e
– desvios de
pontuação que não comprometem o sentido do texto.
Competência 2 – Compreender
a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para
desenvolver o tema dentro dos limites estruturais do texto
dissertativo-argumentativo.
Nessa competência, a banca verifica se o candidato
entendeu o que a proposta de redação pede e, além disso, se consegue aplicar o
seu conhecimento de mundo quando for redigir seu texto
dissertativo-argumentativo.
Ou seja, segundo esse quesito, o aluno deve
compreender, entender, saber o que a Redação Enem está pedindo que seja feiro.
E mais: quando for escrever seu texto, deve também usar informações – os
argumentos – que apreendeu, estudou ou captou durante a sua vida em diferentes
lugares – na escola, em casa, vendo tevê, lendo jornal, revista, vendo filme, ouvindo
música etc.
Portanto, siga algumas recomendações para a
elaboração do texto:
a)
leia com muita atenção a proposta da Redação e os textos motivadores para
entender bem o que está sendo solicitado;
b)
evite ficar preso a ideias desenvolvidas nos textos motivadores, porque foram
apresentados apenas para despertar uma reflexão sobre o tema e não para limitar
sua criatividade;
c)
não copie trechos dos textos motivadores. Lembre-se de que eles foram
apresentados apenas para despertar seus conhecimentos sobre o tema.
d)
reflita sobre o tema proposto para decidir como abordá-lo, qual será seu ponto
de vista e quais os argumentos que vai
utilizar para defendê-lo;
e)
reúna todas as ideias que lhe ocorrerem sobre o tema, procurando organizá-las
em uma estrutura coerente para usá-las no desenvolvimento do seu texto;
f)
desenvolva o tema de forma consistente, de modo que o leitor possa acompanhar o
seu raciocínio facilmente, o que significa que a progressão textual deve ser
fluente e articulada com o projeto do texto;
g)
lembre-se de que cada parágrafo deve desenvolver um tópico frasal e conter, no
mínimo dois períodos;
h)
examine, com atenção, a introdução e a conclusão para ver se há coerência entre
o início e o fim;
i)
utilize informações de várias áreas do conhecimento, demonstrando que está
atualizado em relação ao que acontece no mundo;
j)
evite recorrer a reflexões previsíveis, que demonstram pouca originalidade no
desenvolvimento do tema proposto;
k)
mantenha-se dentro dos limites do tema proposto, tomando cuidado para não se afastar do seu foco, ou
seja, fugir total ou parcialmente do tema. Esse é um dos principais problemas
identificados nas redações.
Para atender às exigências do texto
dissertativo-argumentativo da Redação Enem deve-se:
1 - Apresentar
uma tese (ideia) e as justificativas (argumentos) que defendam o seu ponto de
vista;
2 - Utilizar
estratégias argumentativas – são recursos que podem ser utilizados para
desenvolver os argumentos que comprovem a tese, tais como: exemplos, dados
estatísticos, pesquisas, fatos comprováveis, citações ou depoimentos de pessoas
especializadas no assunto, alusões históricas e comparações entre fatos,
situações, épocas ou lugares distintos.
Competência 3 – Selecionar,
relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos
em defesa de um ponto de vista.
O importante
nessa competência é a capacidade de compreensão e interpretação acerca do tema
proposto e de habilidade de argumentar a tese defendida. Como o próprio título
da competência diz, é preciso saber: “Selecionar, relacionar, organizar e
interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de
vista”. Tudo isso de forma coerente e inteligível. O leitor precisa entender o
e ser levado a refletir a respeito das ideias nele apresentadas.
Simplificando: o texto deve ser montado
coerentemente, de forma lógica, sem confusão, para que a opinião apresentada seja
entendida na hora de corrigir. Além disso, o candidato não pode “ficar em cima
do muro” em relação ao tema: deve defender seu ponto de vista, como a própria
competência diz.
A inteligibilidade de um texto depende da relação
lógica entre as partes do texto, criando uma unidade entre todas as partes;
precisão vocabular; da apresentação das ideias de forma lógica e da adequação
entre o conteúdo do texto e o mundo real.
Competência 4 – Demonstrar
conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários à construção da
argumentação.
Todo texto é um encadeamento lógico de ideias. Cada
parágrafo deve estabelecer relação com os anteriores, mesmo que a ideia seja
nova. Para que isso ocorra com fluidez, é preciso ter conhecimentos dos
recursos linguísticos que garantam a continuidade de um parágrafo ao outro,
gerando um texto coeso. A competência 4 avaliará tudo isso: estruturação dos parágrafos,
estruturação dos períodos e referenciação.
Recomendam-se, para a Competência 4, estratégias de
coesão para se referir a elementos que já apareceram anteriormente no texto:
a)
substituição de termos ou expressões por pronomes pessoais, possessivos e
demonstrativos, advérbios que indicam localização, artigos;
b)
substituição de termos ou expressões por sinônimos, antônimos, hipônimos,
hiperônimos, expressões resumitivas ou expressões metafóricas;
c)
substituição de substantivos, verbos, períodos ou fragmentos do texto por conetivos
ou expressões que resumam e retomem o que já foi dito;
d)
elipse ou omissão de elementos que já tenham sido citados anteriormente ou
sejam facilmente identificáveis.
Cuidar para não cometer os seguintes erros:
a)
frases fragmentadas que comprometam a estrutura lógico-gramatical;
b)
sequência justaposta de ideias sem encaixamentos sintáticos, reproduzindo
hábitos da oralidade;
c)
frase com apenas oração subordinada, sem oração principal;
d)
emprego equivocado do conector (preposição, conjunção, pronome relativo, alguns
advérbios e locuções adverbiais) que não estabeleça relação lógica entre dois
trechos do texto e prejudique a compreensão da mensagem;
e)
emprego do pronome relativo sem a preposição, quando obrigatória;
f)
repetição ou substituição inadequada de palavras sem se valer dos recursos
oferecidos pela língua (pronome, advérbio, artigo, sinônimo).
Competência 5 – Elaborar
proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos
humanos.
A última competência exigida avaliará a proposta de
intervenção na vida social. Lembrando que a proposta deve contemplar cada ponto
abordado na argumentação, mantendo uma relação direta com a tese desenvolvida e
coerência com os argumentos utilizados. A coerência será um dos aspectos
decisivos na avaliação. A proposta precisa, ainda, respeitar os direitos
humanos como: cidadania, liberdade, solidariedade e diversidade cultural.
Uma dica importante é, antes de ser elaborada a
proposta, responder a essas duas perguntas: O que é possível fazer? A proposta
que pretendo fazer é viável? Não se deve sugerir algo vago, geral. Estabeleça uma proposta concreta.
O ideal é que se apresente e a proposta, ou
solução, na conclusão. Use a introdução para apresentar o problema/tema. Use o
desenvolvimento para mostrar os argumentos/informações sobre o problema/tema e in
dique, na conclusão, a intervenção, a solução, a proposta para o problema/tema.
Serão avaliados os seguintes critérios:
a) presença de
proposta x ausência de proposta;
b) proposta
explícita x proposta implícita;
c) proposta com
detalhamento dos meios para sua realização x proposta sem o detalhamento dos
meios para sua realização.
Mas, como assim “meios”? Sim, é
isso mesmo, além de você apresentar uma solução VIÁVEL para o problema levantado
na Redação, também devem ser apresentados os meios para que a solução seja
possível. Não adianta escrever que todo mundo deve receber o mesmo salário no
Brasil, quando o tema for o problema da pobreza, porque isso não vai funcionar.
Melhor pensar direito, refletir e demonstrar uma proposta cabível no cenário
atual.
(Texto
adaptado de https://blogdoenem.com.br/redacao-enem-competencias/)
Muito boa contribuição. Com esses esclarecimentos os estudantes certamente ficarão mais seguros.
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