COMO
ELABORAR UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO SOCIAL NA REDAÇÃO DO ENEM
A maioria dos vestibulares exige, para redação, o tipo
de texto argumentativo. O Enem, no entanto, escolheu o texto
dissertativo-argumentativo: a redação esperada pelos examinadores precisa
defender uma ideia usando explicações para justificá-la. Além de apresentar uma
tese sobre o tema, apoiada em argumentos consistentes, a redação deve oferecer
uma proposta de intervenção na vida social, respeitando os direitos
humanos. Essa proposta deve considerar os pontos abordados na argumentação,
deve manter vínculo direto com a tese desenvolvida e coerência com os
argumentos usados, já que expressa a visão do autor, das possíveis soluções
para a questão discutida.
O candidato deve recorrer aos conhecimentos adquiridos
em sua experiência de vida e desenvolvidos na escola para elaboração de
propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos
e considerando a diversidade sociocultural.
Vamos aqui trabalhar mais especificamente essa
proposta de intervenção, que tem sido um dos entraves dos alunos, acostumados
sempre com a chamada "conclusão". A divisão usada até hoje
(introdução, desenvolvimento e conclusão) é convertida pelos professores, desde
o fundamental, numa terminologia que nos faz aprender a produzir textos com
"começo, meio e fim". É esse "fim" que é confundido
equivocadamente pelos candidatos com a "proposta de intervenção".
Viável
O Guia do
Participante, do MEC-Inep, sugere que a proposta de intervenção seja
"detalhada" para "permitir ao leitor o julgamento sobre sua
exequibilidade". Significa dizer que ela deve conter a exposição da
intervenção sugerida e o detalhamento dos meios para realizá-la. A proposta
deve, ainda, refletir os conhecimentos de mundo de quem a redige, e a coerência
da argumentação é decisiva para a avaliação.
Que tema pode
cair na redação? Essa é uma das maiores preocupações dos estudantes. Todos os
conhecimentos adquiridos nas disciplinas - língua portuguesa e literatura,
história, geografia, filosofia, sociologia e outras - darão aos alunos suporte
não só para desenvolver a fase intertextual (citações), como criar a fase
textual, com coesão, coerência e, sobretudo, correção gramatical.
Vale a pena
analisar se a introdução apresenta o tema pedido na prova, se os argumentos
sustentam a tese escolhida, se as propostas de intervenção social são
convincentes e se têm conexão com o começo do texto.
Coesão
Para
exemplificação, apresentamos, ao longo do texto, excertos de redação de
candidatos que obtiveram nota mil nos últimos vestibulares do Enem. Destacamos
elementos coesivos: coincidentemente, os exemplos selecionados trouxeram o
mesmo, a conjunção conclusiva "portanto". Os candidatos devem saber,
contudo, que há outros elementos coesivos, como "assim",
"logo", "por conseguinte", "então",
"pois" (após o verbo), todos expressando a mesma relação conclusiva.
O candidato
deve sempre buscar propostas concretas, específicas, consistentes com o
desenvolvimento de suas ideias. Antes de elaborá-la, deve procurar responder às
perguntas: O que é possível apresentar como proposta de intervenção na vida
social? Como viabilizá-la?
Deve-se
elaborar uma proposta de intervenção detalhada, relacionada ao tema e
articulada à discussão desenvolvida no texto. Ela deve ser clara, inovadora e,
sobretudo, viável.
Confira
alguns trechos de redações que tiveram nota máxima:
1. Antes da conclusão
A proposta da candidata B. P. D. mantém vínculo direto
com a tese; inicia o texto com citação - um argumento de autoridade - retomada
no final, após as explicações da proposta
Segundo Thomas Hobbes, é necessário estabelecer um
contexto social em que o governo garanta a segurança do povo e iniba um
convívio caótico. No entanto, o alcoolismo no Brasil é um dos fatores que
impede a harmonia no trânsito e oferece riscos à vida humana. [...]
Pode-se dizer, portanto, que a iniciativa do governo
federal produz benefícios incontestáveis, mas que ainda não são plenamente
aplicados. Para tanto, é preciso intensificar a divulgação de propagandas
midiáticas que demonstrem as vantagens da nova lei, além de aumentar a
fiscalização das vias públicas, por meio da atuação da polícia militar,
principalmente em regiões de maior fluxo veicular. Tais medidas, associadas ao
incentivo ao uso de táxis com a redução de custos possibilitados por subsídios
governamentais são importantes.
Afinal, assim será possível, ao menos, garantir a
harmonia defendida por Hobbes diante da ordem e do progresso estampados em
nossa bandeira.
2. Linhas gerais
Com o tema da "lei
seca", a aluna B. N. C. transfere sua proposta para uma sociedade
mobilizada e para o governo, valorizando disciplinas como cidadania e segurança:
Portanto, a lei seca é importante para a redução do
número de acidentes de trânsito. Porém, sua efetividade completa só ocorrerá
com a mobilização da sociedade. Sendo assim, é preciso que o governo acrescente
ao currículo escolar disciplinas como cidadania e segurança no tráfego, além de
tornar mais rígidas as punições pelas transgressões e aumentar o número de
postos de fiscalização. Ademais, deve-se fazer uma reforma no sistema de
transportes públicos, aumentando o número desses nos horários noturnos e nas
cidades periféricas. Dessa forma, será possível reduzir o número de mortes no
trânsito e chegar a uma sociedade menos individualista.
3. Intervenção
O verbo "intervir" origina-se do latim intervenire, que apresenta dois
significados: atuar diretamente, agindo ou decidindo, e emitir, expor opinião.
Daí a intervenção que os candidatos ao Enem devem
propor com a tomada de ações e suas prováveis soluções.
4. Até a simplicidade conta
Ao abordar o "movimento imigratório", a
candidata Y. R. V. propõe que o governo crie uma "cartilha do
imigrante"
Torna-se evidente, portanto, que o país precisa administrar
de forma mais consciente a expressiva chegada de imigrantes. Com esse objetivo,
além das medidas anteriormente citadas, a criação da "cartilha do
imigrante" ajudaria no estabelecimento desses indivíduos, uma vez que eles
ficariam cientes de suas possibilidades, sendo papel do governo elaborá-la. Com
os imigrantes incrementando não só a cultura como a economia, a reação social
de transformação em país do futuro certamente será agilizada.
5. Cinco competências
MEC define características desejadas para a criação e
a correção de redações
Modalidade formal
Texto deve ser claro e objetivo, usar vocabulário
variado e preciso, diferente do usado na fala, e seguir as regras da modalidade
escrita formal do idioma. Mas evitar vocabulário rebuscado.
Compreender a prova
Texto deve compreender a proposta de redação e aplicar
conceitos das várias áreas para desenvolver o tema. Deve demonstrar a verdade
de uma tese e expor um aspecto relacionado ao tema, defendendo uma posição e
demonstrando que o candidato está atualizado com o mundo.
Proposta para intervenção
Elaborar proposta de intervenção para o problema
abordado, respeitando os direitos humanos.
Mecanismos para argumentar
Frases e parágrafos devem estabelecer entre si uma
relação que garanta a sequência coerente do texto e a interdependência entre
ideias. Cada parágrafo deve ter períodos articulados; cada ideia nova precisa
estabelecer relação com as anteriores. Deve-se substituir palavras repetidas
por sinônimos e prestar atenção se não houve deslizes na pontuação - separar
sujeito de predicado com vírgula é falha grave -, e acentuação, conforme o novo
acordo ortográfico.
Selecionar, relacionar, interpretar
Trata-se da inteligibilidade do texto, ou seja, sua
coerência, a plausibilidade entre as ideias, o que depende de fatores: relação
de sentido entre as partes do texto; precisão vocabular; progressão adequada ao
desenvolvimento do tema; adequação entre conteúdo do texto e mundo real.
O tema do Enem 2012 foi "O movimento imigratório
para o Brasil no século 21". Ele envolve a discussão sobre vantagens e
desvantagens da presença de imigrantes na vida cotidiana; o impacto dessa
presença na economia do país; as formas de tratamento a essa nova população e a
influência de novas culturas na cultura local.
A redação deve apresentar caráter dissertativo
(explicações, exemplificações, análises ou interpretações de aspectos presentes
na temática solicitada) ou argumentativo (defesa ou refutação).
Como construir uma boa Proposta de
Intervenção?
O último – não menos importante – critério a ser
avaliado na redação do ENEM é a proposta de intervenção. Seu valor corresponde
a 20% da nota final, e merece todo cuidado e destreza em sua construção.
Devemos apresentar em nossos textos, uma proposta de ação social que busque
solucionar a situação de conflito que o tema nos propõe. Esse ponto é
obrigatório, uma vez que a proposta da redação do ENEM sempre nos faz refletir
sobre a sociedade. E qual é a melhor outra forma de garantir que estamos sendo
cidadãos do que propor soluções?
Apesar dessa importância, a proposta de intervenção é
o critério que possui a média de notas mais baixas na redação do ENEM. No ano
de 2013, por exemplo, a pontuação medial foi de 66.9, sendo que a nota máxima é
200. Isso nos leva a crer que, para muitos candidatos, a proposta de
intervenção é ainda muito nebulosa. Por isso, para ajudá-lo a construir uma
proposta de intervenção plausível e consistente, separamos algumas dicas que
vão não só garantir os 20% do valor da nota final, como também aproximá-lo
ainda mais daquela vaga na universidade dos sonhos!
1 – Insira sua proposta no fim do texto
Esse passo não é obrigatório no ENEM, já que a
proposta será avaliada em qualquer parte do texto. Contudo, ela funciona muito
bem como uma conclusão, já que o tema da redação sempre vai apresentar uma
situação que corresponde a um conflito. Quando colocamos a intervenção social
no fim do texto, damos destaque às soluções que estamos propondo.
2 – Respeite os Direitos Humanos
Esse é um quesito obrigatório para o ENEM! Em nenhuma
parte do texto é permitido desrespeitar os direitos humanos. Ao fazer isso, o
candidato tem sua redação zerada! Não é somente a competência referente à
proposta de intervenção, mas todo o texto, desqualificando-o a tentar uma vaga
em uma universidade. Esse problema é mais comum na proposta de intervenção,
parte do texto em que o candidato, ao propor medidas, acaba se exaltando,
podendo infringir, mesmo que de maneira indireta, os direitos humanos.
A prova do ENEM preza pela cidadania e é muito
importante, ao propor a solução, pensar no bem da sociedade como um todo. Para
evitar esse problema, leia muito e procure compreender os diferentes pontos de
vista para as principais questões discutidas no decorrer desse ano. Você deve
se posicionar, mas nada de sugerir medidas extremas que sejam violentas ou que
prejudiquem o andamento da nossa sociedade, hein? Não seja preconceituoso ou
intransigente, nem durante o processo da escrita, e muito menos pessoalmente.
3 – Detalhamento
Uma proposta de intervenção só alcança a nota máxima
se ela for bem detalhada. Para isso, é necessário explicitar todos os meios
necessários para a execução da medida recomendada. Se propomos uma mudança de
pensamento na sociedade, por exemplo, é necessário explicar como ela será feita
(Campanhas na mídia? Nas escolas?), como isso será subsidiado, (Verbas
públicas? Financiamento privado?) e, principalmente, quem será o agente da
mudança (O governo? A mídia? As escolas?). Tudo isso contribui para o
detalhamento do que está sendo proposto pelo candidato. Na dúvida, sempre faça
as perguntas: Quem? Como? O que? Com quais ferramentas? Dessa forma, teremos
todos os detalhes necessários para executar nossa proposta de intervenção.
4 – Nível Individual e Global
Para efetuarmos uma mudança
significativa na sociedade, não adianta pensarmos apenas em grande escala. A
sociedade só muda quando cada cidadão altera seu comportamento, de modo que,
mesmo se todos os líderes mundiais se unirem, é necessário ainda uma
modificação nas atitudes de cada indivíduo para conseguirmos que a situação
apresentada pelo tema seja resolvida. Uma sugestão bacana é sempre pensar como
as duas instâncias – Individual e Global – se conectam. Então, uma boa proposta
de intervenção é aquela que fala de uma mudança geral com campanhas e
legislações que, não só impeçam que o conflito aconteça, mas que também mudem o
comportamento do indivíduo. Por exemplo, ao propor uma mudança na lei,
esclareça como isso vai modificar o comportamento do cidadão, e, dessa forma
ele vai se acostumar a agir de forma diferente e ensinar assim para as próximas
gerações. Que tal?
5 – Seja realista
A prova do ENEM é sobre a sociedade brasileira. Por
isso, não adianta elaborar uma proposta extremamente utópica, que será
inatingível ou levará um tempo considerável para acontecer. A proposta deve ser
realista! Lembre-se que a redação do ENEM sempre se refere ao contexto
nacional. Para facilitar, reflita sobre como a sociedade brasileira funciona:
somos um estado laico e democrático, e essas conquistas não devem ser mudadas.
Devemos sempre pensar na igualdade de todos no nosso país e, posteriormente, em
uma solução que poderia funcionar em algum local que possui formas de governo
diferentes das nossas, e que, na maioria das vezes, não poderiam ser aplicadas
à nossa sociedade. Também não adianta colocar fatos não comprovados ou ajudas
sobrenaturais, caso contrário, sua proposta pode ser anulada se não for
coerente com a nossa realidade.
Apesar de muitos pré-requisitos, a proposta de intervenção
é bem simples. Não precisamos ter medo já que, assim como a prova fechada do
ENEM, a sugestão de uma intervenção é um exercício de reflexão sobre a
sociedade, o que talvez seja uma das melhores características desta prova,
formar cidadãos preocupados não só com seus próprios resultados, mas que, em
suas futuras profissões, já terão refletido sobre o nosso meio e seus
problemas. Então, matenham-se atualizados, leiam muito e informem-se para que
as propostas de intervenção sejam bem construídas e lembrem-se que escrita é
treino.
(Luiz Roberto Wagner e
Djenane Sichieri Wagner Cunha) – Adaptado
EXEMPLOS DE INTERVENÇÃO
Temos aqui onze possíveis temas de redação
do Enem e possíveis situações-problema para cada um deles, além de propostas de intervenção para debater o
tema:
Tema 1: O papel da mulher no século XXI
Situações-problema:
–
A igualdade de gêneros é garantida pela Constituição de 1988, mas, na prática,
o pensamento conservador ainda prevalece em grande parte da população.
–
Os movimentos feministas, criados no século XX, possibilitaram à mulher um
maior empoderamento político e social. Contudo, alguns pensamentos machistas
projetam uma imagem pejorativa sobre o feminismo.
–
A 1ª Guerra Mundial possibilitou a entrada da mulher no mercado de trabalho, no
entanto, ainda existe uma grande disparidade entre os salários de um homem e de
uma mulher.
Propostas de intervenção:
–
O debate de obras literárias nas escolas que reflitam sobre o papel da mulher
ao longo das épocas e como essa ganhou grande destaque no campo artístico e
social, a fim de promover a valorização da mesma.
–
A mídia, como meio de comunicação e elemento persuasivo, pode promover maiores
informações acerca de movimentos feministas e a importância deste para promover
uma sociedade mais igualitária.
–
O poder público deve criar medidas que fiscalizem a desigualdade de salários
entre os gêneros nas empresas e atribuir uma multa àqueles que não cumprirem
com os anseios da Constituição.
–
A fim de criar uma sociedade mais reflexiva, a instalação de projetos culturais
com a presença de atrizes influentes na mídia pode atrair o público a
participar de rodas de debate sobre o papel da mulher na sociedade
contemporânea.
–
O governo, além de assegurar pela lei os direitos de igualdade às mulheres,
também deve promover mais postos de assistencialismo nas áreas mais distantes
dos centros urbanos.
–
A mídia pode contribuir com a exposição de mulheres que fizeram a diferença ao
longo dos séculos, a fim de inspirar jovens a persistirem a lutar pelo respeito
ao próximo e conscientizar os indivíduos de que devemos ter uma sociedade ética
e democrática. Mulheres como: Frida Kahlo, Madre Tereza de Calcutá, Zuzu Angel,
Evita Perón, Joana D’arc, entre outras podem ser utilizadas como referência.
Tema 2: A crise hídrica no Brasil
Situações-problema:
–
A crise hídrica no Sudeste
–
A questão do consumo desregulado da água pelos cidadãos.
–
O chamado “consumo virtual”, ou seja, a quantidade utilizada de água pelas
empresas para a produção de produtos.
Propostas de intervenção:
–
O incentivo a projetos escolares que ensinem a reutilização da água é uma ótima
maneira para incentivar os pequenos a adquirirem consciência sobre o uso desse
bem hídrico.
–
O tratamento de águas de esgoto pode ser uma medida eficaz para que as empresas
reutilizem esse líquido para a produção de seus produtos, a fim de evitar os
impactos do consumo virtual.
–
O estímulo a descontos no valor das contas de água e luz faz com que os
usuários busquem economizar neste momento de crise e comecem a refletir sobre a
situação atual do Brasil.
–
Até que os reservatórios da região Sudeste estejam estáveis, o racionamento da
água seria ideal para amenizar o tempo previsto para o total esgotamento desse
recurso hídrico na região.
–
A reutilização e transposição da água da chuva de regiões onde mais chovem no
Brasil, como a cidade de Calçoene (Amapá), a região de Serra do Mar (São Paulo)
e a Amazônia seriam medidas paliativas para amenizar a falta da água.
–
Como há distribuição irregular de água entre os países, uma maneira de promover
uma harmonização e alavancar a economia entre os estados, seria a troca de
interesses de cada região. Assim, todas as áreas seriam beneficiadas e
ajudariam a reduzir a crise hídrica frente aos estados que estão com os
reservatórios de água em situação de carência.
Tema 3: Viver em rede no século XXI: os
limites entre o público e o privado
Situações-problema:
–
Os impactos da globalização e a internet possibilitaram ao internauta uma maior
exposição de sua vida nas redes sociais, entretanto, é preciso ter cautela com
o comportamento do usuário no mundo virtual.
–
A questão do anonimato proporciona ao internauta um maior encorajamento e poder
para denegrir a imagem do próximo.
Propostas de intervenção:
–
A conscientização do indivíduo sobre a responsabilidade de sua conduta no mundo
virtual é fundamental para evitar possíveis danos.
–
Em casos extremos, como incitações de intolerância na rede e a exposição de nudez
proporcionada por postagens anônimas ou perfis falsos, a fiscalização do órgão
público faz-se necessária para punir os agentes causadores.
–
A inserção de filmes nas escolas que reflitam sobre os perigos da internet e o
debate em sala formarão jovens mais atentos e conscientes sobre a utilização da
rede com cautela.
–
A mídia pode ajudar na exposição da internet como difusora de conhecimento e
informação, além de abordar casos que contribuíram para o engajamento político
dos internautas na sociedade, como as Manifestações de 2013 e a Primavera
Árabe, em 2011.
–
ONGs devem ser mais ativas nas redes sociais, a fim de que fiquem mais próxima
do contato entre os jovens e estimule-os a participar de projetos educacionais
e culturais, como a presença de cursos online e a orientação de encontros em
grupo para debates.
Tema 4: O papel do professor na
sociedade contemporânea
Situação-Problema:
O professor tem um papel fundamental na
vida do indivíduo, não só academicamente, mas também como formador de caráter e
primeiro contato social. No entanto, o educador não é valorizado pela sociedade
como deveria. Muitas vezes não há reconhecimento por parte dos alunos, a
remuneração é baixa, e, às vezes, não contam com infraestrutura básica para
conduzir a aula.
Propostas de intervenção:
A educação deveria ser prioridade do
governo. É necessária a criação de projetos que integrem o governo federal,
estadual e municipal a fim de investir em melhorias nesse âmbito. Em primeiro
lugar, devem-se melhorar as condições de trabalho do professor, aumentando o
seu piso salarial e investindo em infraestrutura básica para ele lecionar.
Feito isso, é possível pensar em campanhas pública de incentivo à valorização
do educador.
Já que o professor, na maioria das vezes,
depois da família, é o primeiro contato social do indivíduo, cabe a essa
instituição mostrar, desde cedo, o valor do educador na vida do ser humano. É
importante que os responsáveis ensinem aos seus filhos como tratar o professor
com respeito, inteirar-se sobre como é a relação dentro de sala de aula,
mostrando a relevância do papel do educador dentro da sociedade.
Já que a mídia é o principal veículo
formador de opinião, a figura do professor poderia ganhar destaque positivo por
ela. Nas novelas brasileiras, quase não vemos professores como personagens
principais. Quando acontece, não demonstram realização plena na profissão. Ao
contrário dos programas estrangeiros, nos quais a figura do professor tem
“status” e é bastante valorizada pela sociedade.
A própria escola deveria incentivar os
alunos a respeitar e valorizar o educador, através de projetos que aproximem os
docentes dos discentes. Os professores poderiam contar aos alunos como é a sua
rotina de trabalho, como descobriram a vocação para a docência...
Tema 5:
Idosos no Brasil do século XXI: negligenciados ou valorizados?
Situação-Problema:
Os avanços na medicina fazem com que a
expectativa de vida aumente cada vez mais. Porém, no que diz respeito ao bem-estar,
o país não está acompanhando o crescimento da população idosa. Mesmo que haja
um estatuto que garanta os direitos da terceira idade, sabemos que os mesmos
não são cumpridos como deveria. A maioria dos lugares não oferece boa
infraestrutura para os idosos se locomoverem e serem independentes. E, muitas
vezes, os mais velhos são discriminados pelos mais jovens.
Propostas de intervenção:
As escolas deveriam promover a
conscientização social em relação aos idosos. Educar, desde cedo, os alunos,
para que eles aprendam a respeitar as diferenças. Seria interessante a criação
de um projeto que reúna, por exemplo, os avós dos alunos a fim de que eles
compartilhem suas experiências e falem um pouco de como é ser idoso atualmente.
A mídia como formadora de opinião poderia
promover a integração dos idosos à sociedade. Os jornais poderiam fazer
matérias em asilos, mostrando à população a rotina daqueles que vivem em casas
de repouso. As novelas poderiam abordar a terceira idade de maneira mais ativa,
não como um peso morto para a família e a sociedade.
O governo deveria investir em
infraestrutura destinada à terceira idade. É imprescindível que sejam
oferecidas melhores condições de a saúde, entretenimento, lazer e transporte.
Mesmo com a dinamicidade do mundo
contemporâneo, as famílias deveriam se dedicar mais aos seus idosos. Ao chegar
à terceira idade, muitos indivíduos se sentem inúteis. É importante que os
membros de uma família tenham consciência de tudo que seus idosos fizeram por
ela, demonstrando reconhecimento através de carinho e atenção.
As ONGs poderiam promover atividades de
lazer para a terceira idade, como ginástica, pintura, desenho, jogos, entre
outras. Seria interessante, também, pensar em visitas aos asilos, levando
crianças e, se for possível, animais de estimação para passar o dia com os
idosos.
Tema 6: Alimentação irregular e
obesidade no Brasil
Situação-Problema:
Atualmente, a sociedade enfrenta bastantes
problemas relacionados à má alimentação e ao aumento de peso. Tal fato está
relacionado, principalmente, à correria do cotidiano, fazendo com que muitos
não tenham tempo de se alimentar corretamente. Outro fator relevante é a
preferência por refeições mais saborosas, porém menos saudáveis.
Propostas de intervenção:
É inegável a má qualidade da alimentação da
maioria dos brasileiros. Já que os vícios começam dentro de casa, cabe à
família concordar em fazer refeições saudáveis e ensinar às crianças, desde
cedo, a comer alimentos que façam bem à saúde. A prática de exercícios é
fundamental no combate à obesidade, por isso seria interessante que se
exercitem juntos, através de caminhadas, pedaladas, etc.
Já que a escola tem um papel primordial na
educação do indivíduo, é imprescindível que ela interfira também em sua
educação alimentar, através de aulas de biologia sobre o valor nutritivo dos
alimentos e o desencadeamento de doenças causadas pela má alimentação. Como
muitos alunos e funcionários se alimentam na escola, é importante que haja um
cardápio saudável desenvolvido por nutricionistas, que, eventualmente, poderiam
dar palestras sobre educação alimentar.
Sendo a mídia o principal veículo de
informação, cabe a ela promover a alimentação saudável através de programas
educativos. Seria interessante incentivar a população mostrando ídolos da
televisão brasileira se alimentando de maneira saudável.
A saúde pública é uma das responsabilidades
do governo. Por esse motivo, é importante a realização de campanhas públicas
relacionadas à educação alimentar. A prática de atividades físicas, associada a
uma boa alimentação, é imprescindível para saúde dos indivíduos. O governo deve
incitar essa prática, através de maratonas de corrida, academias públicas ao ar
livre, de forma que seja acessível a toda população.
Tema 7: O movimento imigratório para o
Brasil no século XXI
Situação-problema:
A imigração ocorre em péssimas condições,
que continuam não muito boas quando os imigrantes aqui chegam. Além de eles
sofrerem com a falta de estrutura que encontram aqui, a xenofobia é um problema
que atinge a todos os povos que sempre foram, historicamente, alvo de opressão,
como os africanos.
Proposta de intervenção:
Nosso país precisa se preparar para receber
essas pessoas, já que se propõe a ser solidário e ajudar os povos que precisam
de amparo. Precisamos de estrutura para isso, que pode ser criada por meio de
leis e de políticas públicas específicas para esse caso.
É preciso que a nossa sociedade entenda que
essas pessoas são nossas irmãs e que precisam tanto (ou mais) da nossa
hospitalidade que imigrantes europeus ou americanos, por exemplo. Ou seja, é
preciso que a gente repare o sofrimento que os nossos antepassados europeus
geraram a esses povos e a nós. O primeiro passo é ajudá-los e recebê-los de
braços abertos.
Tema 8:
A questão do índio no Brasil contemporâneo
Situação-problema:
Herdamos dos nossos colonizadores a ideia
de que somos superiores, civilizados, enquanto o diferente é bárbaro. Com isso,
continuamos subjugando os povos indígenas, desvalorizando sua cultura, além de
continuarmos vendendo o sangue, o trabalho e as terras indígenas a quem pague
mais.
Proposta de intervenção:
O governo poderia criar leis que
protegessem o direito dos povos indígenas, incluindo o direito à terra, à
memória do seu povo, e o direito a ter a sua cultura preservada.
A polícia federal do Brasil poderia agir
mais ativamente nas zonas em que há tribos indígenas, garantindo sua segurança
e impedindo a exploração do trabalho desses povos e o seu genocídio.
A escola, as mídias e as ONGs poderiam agir
em conjunto para promover a valorização da cultura indígena em toda a sociedade
brasileira, divulgando sua importância.
Tema 9: A cultura do assédio no Brasil
Situação-problema:
Vivemos numa sociedade machista e
patriarcal em que os homens se acham no direito de desrespeitar, violentar –
ainda que verbalmente – e assediar mulheres, considerando-as parte do
patrimônio público, com isso, cada vez mais as mulheres se sentem invadidas e
com medo até de sair de casa. Ainda que o assédio também ocorra com homens,
vale considerar que essa é uma exceção à regra, já que a estrutura da nossa
sociedade está calcada no patriarcado.
Proposta de intervenção:
Em primeiro lugar, é importante que a
família e a escola, agindo em parceria, comecem a desfazer essa mentalidade
machista e patriarcal que considera a mulher um objeto público.
Em segundo lugar, é importante que as leis
que punem os casos de assédio sejam estreitadas, tornando-se mais específicas e
mais colocadas em prática.
Além disso, é importante que os graves
casos de assédio deixem de ser acobertados pela mídia, o que colabora para
invisibilidade da mulher, tornando-a sempre uma refém, de mãos e pés atados.
Tema 10: O papel da polícia no Brasil do
século XXI
Situação-problema:
O papel da polícia é, em tese, promover a
manutenção da ordem pública, proteger os cidadãos e garantir a segurança de
todos – cada polícia com a sua “área de atuação”. No entanto, notamos que,
principalmente no que diz respeito à polícia militar, esse papel não é levado
em consideração em muitos casos, uma vez que, muitas vezes, várias ações
resultam em injustiças e abuso de poder, principalmente com a parte mais
marginalizada da sociedade brasileira.
Propostas de intervenção:
- Um caminho seria reestruturar a polícia
brasileira, pensando, talvez, numa desmilitarização.
- Dar mais importância à polícia civil e
incorporá-la na segurança que, hoje, é exercida pela PM.
- Oferecer
treinamento digno aos policiais, uma vez que estamos falando de pessoas que
andarão armadas pelas ruas.
Tema 11: A redução da maioridade penal
no Brasil
Situação-problema:
Com o aumento do caso de crimes cometidos
por jovens, o debate sobre a redução da maioridade penal dos 18 para os 16 anos
foi levantado. No entanto, essa não é a solução para os crimes, e os muitos
países que já reduziram a maioridade penal são o maior exemplo disso. Além
disso, esse debate revela que nós, brasileiros, temos a péssima mania de
preferir o tratamento – insuficiente – à prevenção. Agimos apenas depois que os
problemas acontecem e estão fora de controle, além de querermos atacar as
extremidades do problema, evitando encarar a raiz.
Proposta de intervenção:
- O
melhor caminho para esse caso é, sem dúvida, investir na educação do Brasil,
que é muito deficitária. Tirar os jovens das ruas e colocar na escola é o
caminho.
- Além
disso, é importante tornar a punição, já existente para os jovens infratores,
mais eficaz. Uma boa alternativa seria investir na ressocialização, fazendo-os
aprender uma profissão, estudar, praticar esportes.